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A INSTABILIDADE



O mundo não para. A cada dia surgem novos lances que nos deixam assustados e desatualizados. Vivemos em constante mudança não só no campo tecnológico, mas também científico, filosófico, e religioso. As conseqüências são brilhantes, mas também alarmantes. Em plena era globalizada como vamos acompanhar estas transformações violentas?
No campo tecnológico a cada dia surgem novos produtos que facilitam nossas vidas. Coisas que gastávamos dias ou semanas, hoje fazemos com minutos. Por outro lado estamos nas mãos dos mercados, pois não queremos ficar ultrapassados com mercadorias velhas, com isto temos a necessidade de sempre comprar.
Nos aspecto filosófico basta olharmos a história da filosofia como os pensamentos são inovadores. São como elos que formam uma corrente. Afinal a filosofia é um olhar sobre a realidade e se a realidade muda e filosofia acompanha. Com tanta multiplicidade teorias nos mostram novas direções.
No campo científico, as mudanças são profundas. A astrologia a cada dia vem clareando nossa visão do universo, a ciência vem trazendo cura para doenças que antes eram mortais. Mas nem todos estes investimentos são éticos e a favor da vida que é valor supremo.
E no mundo religioso saímos do Deus Medieval que castiga, para o Deus que é amor, amigo e companheiro. Hoje temos liberdade para escolher a nossa religião. Em outro ângulo a cada dia surgem novas igrejas que dizem estar a serviço do reino de Deus, mas visam somente fins lucrativos.
Contudo, todas estas inovações estão interligadas, e uma influencia a outra. Vivemos numa corrida rumo ao desconhecido. A reflexão vai nos ajudar a discernir o que realmente precisamos para não cairmos na competição do mundo que nos cansa e estressa. Assim aproveitemos de tudo isto o que é bom e nos faz feliz.
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COMO NASCE A MORAL


Segundo novos estudos, o senso de justiça e a compaixão não vem da educação ou da religião, mas podem ser fruto da seleção natural e da evolução humana.
Uma das maiores qualidades humanas é saber distinguir o certo do errado. Mas de onde vem o conceito? Até poucos dias a convicção era que a moralidade nascia através da convivência com os outros. O papel de formar a moral era da sociedade e da cultura.
Com o progresso da ciência, os estudos do cérebro indicam que adquirimos a capacidade de aprender o que é justo ou injusto com a própria seleção natural. As instruções para produzir um cérebro com capacidade de saber o certo ou errado está no DNA de cada ser humano. A moral evoluiu em nossa espécie no decorrer do tempo.
O desenvolvimento da moralidade não é uma qualidade exclusiva de humanos. Estudos indicam que as atitudes altruístas estão crescendo cada vez mais no reino animal. Mas como as atitudes de amor, bondade pode evoluir em meio à agressividade e competição do mundo natural?
Alguns etólogos chamam de seleção de parentesco. Assim explica a formação de grupos afim de defender a vida em meio a competição. Mas o nepotismo está longe de explicar a moralidade.
Em relação à problemática, psicólogos apresentam a teoria da mente. Ou seja, quando uma entidade biológica tem a capacidade imaginar que outra entidade possa ter uma vida parecida com a dela. Quando tentamos nos colocar no lugar do outro. Mas ninguém tem esta capacidade tão aguçada quanto o ser humano. Justamente daí que pode nascer a moralidade inata. Além disto, o homem é dotado de inteligência, o que lhe permite pensar e talvez até driblar a moral inata, daí vem as distorções morais individuais ou coletiva por meio de um líder que manipula um certo grupo.
Além da moral inata, é claro que o ambiente em que se vive, “cultura” influencia na construção da moral. Afinal, Osama Bin Laden e seu grupo se dizem a favor da justiça. Outro aspecto que pode atrapalhar a distinção do certo e errado é os problemas cerebrais, como os psicopatas que segundo estudos seu problema pode estar na amígdala e no córtex frontal do cérebro.
Muitas vezes o ser humano não age moralmente correto. Wright nos propõe a soma não zero, onde todos podem ganhar. O que é certo, é que precisamos evoluir mais. privilegiar a cooperação e deixar a competição.
Reflexão crítica
Diante da problemática apresentada em relação à origem da moral, acredito que de fato, nossa espécie evoluiu ao logo do tempo, pela seleção natural. Nosso cérebro foi adaptando de acordo com as nossas necessidades. Hoje o ser humano já nasce gostando da vida comunitária. Qual bebê que gosta de ficar sozinho?
Acredito que as crianças não nascem como um papel em branco onde vamos escrever o que quisermos como afirmam alguns estudiosos. Elas já nascem com algo interior. Crianças não são acomodadas diante da realidade, elas fazem perguntas desejam saber. Interiormente já tem esta necessidade.
Hoje, fica claro que nosso cérebro exerce funções sublimes em nosso corpo. Qualquer deformação ou lesão cerebral pode complicar nossa sanidade, moral, fala e outras funções do corpo. O cérebro continua sendo estudado e com certeza tem muitas descobertas ainda pela frente a ser realizada.
No entanto não podemos atribuir à genética toda formação da moral. Outro fator de grande importância é a cultura. O meio em que se vive vai modelando a pessoa de acordo com os costumes. Vale ressaltar os valores familiares, religiosos que influência diretamente na moral. Basta vermos as diferenças que existem entre o senso do pode ou não pode em toda civilização.
Podemos perceber também que no reino animal esta evolução em proporção menor está acontecendo. Vemos a relação de companheirismo entre os animais. Já temos até estudiosos que dizem que o que diferencia os humanos dos animais é apenas a religião.
Nem todos os seres humanos agem moralmente correto. Significa que temos um logo caminho pela frente. De onde vem a falha? Do DNA ou da sociedade? Precisamos valorizar maios o coletivo e deixar a competição e a ganância. Não é tarefa fácil, mas podemos também evoluir neste sentido.
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CRÍTICAS ARISTOTÉLICAS À METAFÍSICA PLATÔNICA


Sem dúvidas Aristóteles foi o maior discípulo de Platão. Mas sua relação com o mestre não foi só de concórdia. Por diversas razões, ele não julgou aceitável o mundo das ideias ou segunda navegação de Platão. Isto porque em sua opinião, Platão não explicou “o ser das coisas,” “o vir-a-ser das coisas,” nem sua relação com as ideias, nem como o homem pode conhecê-la.
Não explicou o ser das coisas porque na teoria platônica, as ideias constituem o ser e a substância de cada coisa. Assim Aristóteles questiona: “como é possível que as ideias, sendo as substâncias de cada coisa, existam fora dela”? Para Aristóteles a ideia das coisas, tem que estar nela mesma, e não fora, pois se as ideias estivessem separadas, transcendentes não poderiam ser causa da existência e cognoscibilidade das coisas.
Para resolver esta problemática, Aristóteles introduz as formas ao mundo sensível. Apresenta a doutrina dos sinolos de matéria e forma como a nova alternativa para a proposta platônica. Porém Aristóteles não nega o supra-sensível como muitos afirmam, mas contesta o que Platão pensava que fosse. Para Aristóteles o mundo supra-sensível não é um mundo de inteligíveis, mas de inteligências tendo como ápice a suprema das inteligências. As ideias ou formas fazem parte do inteligível do sensível.
Em segundo lugar, a doutrina das ideias não explica o vir-a-ser das coisas. Pois se o mundo das ideias é em si mesmo, imóvel e perfeito, de que deriva o movimento e o devir, que são típicos do mundo sensível? Assim Platão não explica a relação das ideias com as coisas, a não ser com palavras metafóricas como participação e imitação.
Em fim para Aristóteles as ideias são réplicas inúteis. Pois ao colocar as ideias como causas, na verdade duplicou-se o número das coisas a explicar. E esta duplicação trouxe várias complicações, podendo levar a um regresso ao infinito. Suponhamos por exemplo que uma coisa é a essência animal e outra coisa o animal. Ou seja a essência é diferente da coisa. Seria necessário admitir outras substâncias, outras naturezas, outras ideias anteriores. Como se a equinidade é a essência do cavalo, qual é a essência da equinidade?
Pelos aspectos exposto, pudemos perceber que a relação entre Aristóteles e Platão não foi de contradição, mas de superação. Se tratando de metafísica, Aristóteles os deixou uma grande contribuição.
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Fontes: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia, 10 ed. São Paulo, Paulus, 1991 v. 1.
REALE, Giovanni, História da Filosofia Antiga, São Paulo. Loyola, 1994.
MONDIM, Batista, Curso de Filosofia, São Paulo, Paulinas, 1981.
JOLIVET, Regis. Vocabulário de Filosofia, tradução de Gerardo Dantas Barretto, Rio de Janeiro, Agir 1975.
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OS FÍSICOS PLURALISTAS E OS FÍSICOS ECLÉTICOS


INTRODUÇÃO
No presente trabalho, temos a abordagem de uma das mais antigas problemáticas da filosofia: o principio de todas as coisas, com os filósofos naturalistas ou filosofos da physis, “físicos Pluralistas e os físicos Ecléticos”, Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito, Diógenes e Arquelau.
Empédocles, o primeiro dos pluralistas herda dos Eleáticos a impossibilidade do “não ser”. Apresenta o principio de todas as coisas, “as quatro raízes: água, ar, fogo, terra”. Estes elementos são governados por duas forças cósmicas, o amor e o ódio: um agrega a outra desagrega. Anaxágoras fala sobre o nascimento e a morte dependem da agregação ou desagregação das homeomorias “sementes” que são movidas por uma inteligência cósmica.
Leucipo e Demócrito trazem um grande benefício para a filosofia e a ciência com a descoberta do átomo. São os últimos a tentar resolves a questão eleática. Para eles o ser não nasce, não morre e não entra em devir. Aderem à realidade sensível, isto é, os átomos. Diógenes e Arquelau criticam os pluralistas e retornam ao monismo. Combina as teses de Anaxímenes com a de Diógenes, afirmando que o princípio de todas as coisas é o ar-inteligência.
O trabalho apresenta uma breve biografia do filósofo, e em seguida seu pensamento, reflexão, tese. Como metodologia temos: pesquisas, leituras, interpretações e escrita.
EMPÉDOCLES: AS QUATROS RAÍZES
Biografia
Primeiro pensador que procurou resolver a aporia eleática. Nasceu em Agrigento por volta de 484/481 a.C. Morreu em torno de 424/421 a.C. Além de filósofo foi também místico, taumaturgo, médico e ativo na vida pública. Compôs poemas dos quais chegaram até nós somente fragmentos.
“Relatos sobre seu fim pertence à lenda: Segundo alguns, teria desaparecido durante um sacrifício; conforme outros, ao contrário, ter-se-ia jogado no Etna.” (REALI; ANTISERI, 2003, P.40).
Pensamento
Para Empédocles, como para Parmênides, o nascer e o parecer são compreendidos como vir do nada e o ir para o nada são impossíveis. Pois o ser existe e o não ser não existe. Então não existe nascimento e morte, para eles existe o misturar-se e dissolver-se de algumas substâncias que permanecem eternamente iguais e indestrutíveis. Estas substâncias são a água, ar, fogo e terra. São elas as raízes de todas as coisas.
Os Jônios tinham escolhido ora uma ora outra uma dessas realidades como princípio, sendo que as outras derivavam dela através do processo de transformação. A inovação de Empédocles é o fato de proclamar a inalterabilidade qualitativa e a intransformabilidade de cada uma.
Nasce, portanto a noção de elemento. O elemento é algo de origem qualitativamente imutável, capaz somente de unir-se e separar-se espacial e mecanicamente em relação a outra coisa.
Chamado concepção pluralista que supera o monismo dos Jônios e dos Eleatas. O pluralismo nasce como respostas às drásticas negações dos Eleatas.
A Amizade e ódio
Empédocles inseriu as forças cósmicas do Amor ou Amizade (Philía), e do ódio discórdia (neîkos), respectivamente, como causador da união e separação dos elementos. Quando há amor e amizade os elementos se unem. Ao contrário, quando há ódio e discórdia eles se separam.
O cosmo não nasce quando prevalece amor ou amizade, por que a predominância total desta força faz com que os elementos se reúnam (um ou esfera). Quando o ódio ou discórdia prevalece, os elementos ficam completamente separados, e também neste caso as coisas e o mundo não existem.
O cosmo e as coisas do cosmo surgem nos dois períodos de transição, que vão do predomínio da Amizade ao da Discórdia e depois, do predomínio da Discórdia e da Amizade. E em cada um desses períodos temos progressivo nascer e progressivo destruir-se de um cosmo. (REALI; ANTISERI, 2003, P.41).
Os processos Cognoscitivos.
Empédocles dizia que das coisas e dos seus poros saem eflúvios que atingem os órgãos de sentido de modo que as partes semelhantes de nossos órgãos reconhecem as partes semelhantes dos eflúvios proveniente das coisas: o fogo conhece o fogo, a água conhece a água, e assim por diante. No campo visual o processo é inverso, os eflúvios saem dos olhos, mas não perdem o princípio de que o semelhante conhece o semelhante.
Os destinos do homem.
Empédocles desenvolveu as concepções órficas. Expressou em verso o conceito de que a alma do homem é um demônio que foi banido do Olimpo pelo fato de sua culpa originária, e jogada a mercê do ciclo dos nascimentos, sobre todas as formas de vida pêra pagar sua culpa.
Também eu sou um destes, por que confiei na furiosa contenda...
Porque um dia fui menino e menina,
arbusto e pássaro e mudo peixe do mar...
(REALI; ANTISERI apud EMPÉDOCLES, 2003, P.41).
No poema Empédocles dá as formas de vidas aptas para purificar-se e libertar-se do ciclo das reencarnações.
No pensamento de Empédocles: mística, física e teologia formam um Esfero. As quatro raízes para ele são divinas, e também as forças da amizade e discórdia. Deus é o Esfero; demônios são as almas, que como todo resto, são constituídas pelos elementos e forças cósmicas. Ao oposto do que muitos julgaram a unidade entre os poemas, Não havendo oposição entre a dimensão física e mística.
Já que neste mundo tudo deriva das quatro raízes que são divinas, não se vê que coisa não seja divina, nem como o corpo e a alma podem entrar em contraste. Só Platão terá resposta para esse problema.
ANAXÁGORAS: A DESCOBERTAS DAS HOMEOMERIAS E DA INTELIGÊNCIA ORDENADORA.
Biografia
Nascido por volta de 500 a.C. em Clazômenas e falecido em torno de 428 a.C. Viveu durante três décadas em Atenas. Provavelmente, foi exatamente seu mérito de ter introduzido o pensamento filosófico nesta cidade,destinada a tornar-se capital da filosofia antiga. Escreveu um tratado sobre a natureza, do qual temos apenas fragmentos.
Como Empédocles, Anaxágoras concorda com a afirmação de que o não ser não exista, e que o nascer e morrer são fatos reais.
Mas os gregos não consideram corretamente o nascer e o morrer: com efeito coisa alguma nasce e morre, mas sim, a partir das que existem, se produz um processo de composição e divisão. Portanto, eles deveriam chamar corretamente o nascer de compor-se e o morrer de dividir-se. (REALI; ANTISERI apud EMPÉDOCLES, 2003, P.42).
Para Anaxágoras não pode ser somente as quatro raízes a origem de todas as coisas, as quais compõe-se e decompõe-se. As quatros raízes estão bem longe de terem condições de explicar as tantas qualidades que se manifestam nos fenômenos.
As sementes (spérmata) ou elementos dos quais derivam as coisas deveriam ser tantas quantas são as inumeráveis quantidades das coisas, precisamente sementes com formas, cores e gostos de todo tipo, ou seja, infinitamente variadas. Assim, tais sementes são o originário qualitativo pensando eleaticamente, não apenas como incriados (eterno), mas também como imutável (nenhuma qualidade se transforma em outra, exatamente medida que é originária). Esses muitos originários são, em suma, cada um, como Melisso pensava, o Uno. (REALI; ANTISERI apud EMPÉDOCLES, 2003, P.42).
Essas sementes não são apenas infinitas em números, mas também infinitas em quantidade; não tem limites em grandeza e nem na pequenez, pelo fato de que podem ser divididas ao infinito sem que a divisão chegue ao nada.
Pode-se dividir qualquer semente que se queira, mesmo que sejam em partes sempre menores, e as partes de tal modo obtidas serão sempre da mesma qualidade.
De inicio entendemos que as homeomerias compunham a massa em que tudo era misturado junto, de tal forma que nenhuma se distinguia. Tempos depois alguma inteligência criou um movimento que provindo da mistura caótica, produziu mistura ordenada, da qual vieram todas as coisas. Consequentemente, tudo aquilo que existe são misturas bem ordenadas, em que existem sementes de todas as coisas, mas em medidas bem reduzidas. É a prevalência de cada semente que determina a diferença das coisas.
Tudo esta em tudo. Ou ainda: em cada coisa há parte de cada coisa. No grão de trigo prevalece determinada semente, mas nele está tudo, em particular o cabelo, a carne, o osso etc. (REALI; ANTISERI apud EMPÉDOCLES, 2003, P.43).
Anaxágoras fez a seguinte interrogação: como se pode produzir cabelo daquilo que não é cabelo? Carne daquilo que não é carne? Portanto, quando ingerimos o pão (grão), que comido e assimilado, torna-se cabelo, carne, etc. pois no pão está contida as sementes de tudo.
Com esse pensamente Anaxágoras tentava salvar a imobilidade tanto qualitativa como quantitativa: ou seja, nada vem do nada e nem vai para o nada, mas tudo está no ser desde sempre e para sempre.
A doutrina da Inteligência Cósmica
Todas as outras coisas têm parte de cada coisa, mas a inteligência é ilimitada, independente e não misturada a coisa alguma, mas encontra-se apenas em si mesma.
Em tudo se encontra parte de tudo, e essas coisas misturadas seriam um obstáculo para a inteligência, e ela não teria poder como se encontra em si mesma. A inteligência, com efeito, é mais sutil e mais pura, porém, possui um aguçado conhecimento e uma imensa força. E tudo que tem vida, seja o que for, são dominadas pela inteligência.
LÊUCIPO E DEMÓCRITO E O ATOMISMO
A ultima tentativa de responder o problema da physis foi realizada por Lêucipo e Demócrito com a descoberta do conceito do átomo.
Biografia
Lêucipo nasceu em Mileto, foi para a Itália, indo para Eléia nos meados do século V a.C, onde conheceu a doutrina eleática. Logo após foi para Abdera onde fundou uma escola que chegou ao seu auge com Demócrito filho desta mesma terra.
Demócrito nasceu em torno de 460 a.C. e morreu muito velho, depois de Sócrates. Foram atribuídas a ele muitas obras. Provavelmente estas obras formavam o Corpus da escola da qual fluíam obras do mestre e de alguns discípulos. Realizou longas viagens e adquiriu muito conhecimento e diversos campos.
Pensamento
Reafirmaram a impossibilidade do não ser. Para eles nascer nada mais é que agregar-se de coisas que já existem, e morrer desagregar-se ou separar dessas coisas. Mas trazem uma nova concepção dessas realidades: “trata-se de infinito número de corpos, invisíveis pela pequenez e volume. Tais corpos são indivisíveis, por isso á-tomo - do grego = não divisível.
Os átomos são incriados, indestrutíveis e imutáveis. Os átomos estão mais próximos do eleatismo que as quatro raízes, as sementes ou homeomorias. Pois são qualitativamente indiferenciados. Todos eles são um ser pleno, sendo diferente na forma, ou figura geométrica. Os átomos são uma fragmentação do Ser-Uno eleático, com infinitos seres-unos.
Para nós modernos átomo tem o significado pós-Galileu. Já para os abderitas indica uma forma originária sendo, portanto, átomo-forma.
O átomo se diferencia dos outros átomos, além da figura também pela ordem e pela posição. E as formas assim como a posição podem variar ao infinito. Naturalmente, o átomo não é perceptível pelos sentidos, mas somente pela inteligência. O átomo, portanto, é a forma visível ao intelecto. (REALI; ANTISERI, 1990, P.66/67)
O átomo como pleno do ser pressupõe o vazio (de ser, portanto, o não ser). Assim o vazio é tão importante como o pleno. Sem o vazio os átomos não poderiam se movimentar e diferenciar. O átomo, vazio, movimento são a explicação de tudo.
Os atomistas superaram a aporia eleática e salvaram a verdade e a opinião, ou seja os fenômenos. A verdade é dada pelos átomos que si diferenciam pelas formas geométricas (figura, ordem e posição) bem como o vazio; os vários fenômenos ulteriores e suas diferenças, derivam do diferente encontro dos átomos e do encontro posterior das coisas por ele produzidas com os nossos sentidos. “É opinião (doxa) o frio e opinião o calor; verdade o átomo e o vazio” (REALI; ANTISÉRI apud DEMÓCRITO, 1990, P. 67).
São três os movimentos no atomismo originário: a) O movimento primígenio dos átomos , que devia ser caótico, com os volteios em todas as direções dados pela poeira atmosférica que se vê nos raios do sol. b) desse movimento deriva um movimento vertiginoso, que leva os átomos semelhantes agregarem e diversos átomos disporem gerando o mundo. c) por último o movimento dos átomos que se libertam de todas as coisas (compostos atômicos) formando os eflúvios. (Ex. perfume).
Se os átomos são infinitos, também os mundos que derivam dele são infinitos e diferentes um dos outros, mas por vezes pode ser idênticos, por causa da infinita possibilidade de combinação. Se os átomos são infinitos, também os mundos que derivam dele são infinitos e diferentes um dos outros, mas por vezes pode ser idênticos, por causa da infinita possibilidade de combinação. (REALI; ANTISERI, 1990, P.67).
Os atomistas passaram a história como os puseram o mundo “ao sabor do acaso”. Mas não quer dizer que eles não atribuíram causas ao nascer do mundo, mas sim que não estabeleceram uma causa final. A ordem “o cosmo” é feito de um encontro mecânico entre os átomos, não projetado e não produzido por uma inteligência. A própria inteligência segue e não precede o composto atômico.
Os atomistas indicaram a existência de átomos privilegiados, lisos, esferiformes, de natureza ígnea: os constitutivos da alma e da inteligência. Para algumas testemunhas Demócrito teria até divinizado estes átomos.
O conhecimento deriva dos eflúvios dos átomos que se desprenderam de todas as coisas, em contato com os sentidos. Nesse contato o átomo semelhante reconhece o seu semelhante em nós. São dois tipos de conhecimento, vejamos: conhecimento sensorial e conhecimento inteligível: o primeiro nos dá só a opinião, ao passo que o segundo nos dá a verdade”. (REALI; ANTISERI, 1990, P.68).
Demócrito também se destacou em suas famosas sentenças morais. A idéia central desta ética, é de que a alma é a morada de nossa sorte e que precisamente na alma e não nas coisas exteriores ou nos bens do corpo que está a raiz da felicidade.
Demócrito também tinha uma grande visão cosmopolita, assim como ele mesmo nos mostra em um de seus escritos: “Todo país, terra esta aberto ao homem sábio, porque a pátria do homem virtuoso é o universo inteiro.” (REALI; ANTISÉRI apud DEMÓCRITO, 1990, P. 68).
A INVASÃO DOS ÚLTIMOS FÍSICOS EM SENTIDO ECLÉTICO E O RETORNO AO MONISMO: DIÓGENES DE APOLÔNIA E ARQUELAU DE ATENAS.
Esta filosofia da physis tende-se a combinar as ideias dos filósofos anteriores. Houve quem tentou combinar Tales e Heráclito, propondo como princípio a água, da qual ter-se-ia gerado o fogo, que venceu a água e grou os cosmos. Outros pensaram como princípio algo mais denso que o fogo e mais sutil que o ar, concebendo-o também o infinito. Heráclito e Anaxímenes, por uma lado e Tales e Anaxímenes, por outro.
Diógenes de Apolônia, exerceu sua atividade em Atenas entre 440 e 423 a.C., sustentou a necessidade de retornar ao monismo do princípio. Pois para ele se os princípios fossem muitos, e diferentes entre si, não poderiam misturar e agir um no outro. Assim o princípio único para ele é o ar infinito, mas dotado de muita inteligência.
Nessa teoria Diógenes combina Anaximandro e Anaxágoras.
Parece-me que aquilo que os homens chamam de ar é dotado de muita inteligência, a todos regendo e governando. Porque, precisamente ele parece deus, chegando a toda parte, dispondo de tudo e estando dentro de todas as coisas. Não há nada que não participe dele. (REALI; ANTISÉRI apud DIÓGENES, 1990, P. 69).
Mas nenhuma coisa participa do ar na mesma medida, pois muitos são os modos do ar e da inteligência: quente, frio, seco, úmido, parado rápido e muitas outras modificações de prazer e de cor.
Também as almas de todos os animais, são a mesma coisa, um ar mais quente que o de fora, onde vivemos, mais muito mais frio que aquele que existe junto ao sol. ora este cor não é igual em cada animal nem mesmo em cada homem, mas também não se difere muito: diferi dentro dos limites de semelhança das coisas. (REALI; ANTISÉRI apud DIÓGENES, 1990, P. 69).
Não podem ser do mesmo modo as coisas que mudam. Assim a transformação tem muitos modos, também muitos modos deve ser os animais com relação à forma, a vida e a inteligência. Entretanto todos vivem, vêem, e ouvem por obra do mesmo elemento e sua inteligência.
Logo nossa alma é ar-pensamento, que, vivendo, respiramos e que exala-se com o último suspiro quando morremos.
Tendo identificado a inteligência como ar-pensamento, Diógenes exaltou a visão finalística do universo que, em Anaxágoras, era limitada. Esta teoria teve grande importância em Atenas, constituindo um dos pontos de partida do pensamento socrático. Concepção análoga é atribuída a Arquelau de Atenas.
Muitas fontes o indicam como mestre de Sócrates. Aristófanes caracterizou Sócrates nas Nuvens. E as nuvens ao precisamente ar. “Sócrates desce das nuvens e prega as nuvens” isto é, o ar. Os contemporâneos de Sócrates, relacionavam-no com esses pensadores e com os sofistas.
CONCLUSÃO
O tema da “physis” é uma problemática que surgiu na Grécia Antiga e continua se sendo um tema atual. É comum vermos a ciência discutindo a origem cosmológica e a origem da terra “natureza”.
Físicos Pluralistas e os físicos Ecléticos nos trouxeram grandes contribuições ao desenvolverem suas teses. Com Empédocles temos as quatro raízes: terra, água, ar e fogo como a origem de tudo, movidas por duas forças cósmicas. Nascer e perecer dependem da agregação ou desagregação dos elementos imutáveis. O semelhante conhece o semelhante.
Anaxágoras segue o pensamento de Empédocles na questão do nascer. Mas as coisas que agregam ou desagregam para ele são as sementes, (homeomorias) “originário qualitativo”. Desta forma todas as coisas estão presentes em tudo, o que explica uma coisa transformar em outra. Mas o que prevalece dá características e diferenças específicas a cada coisa.
Leucipo e Demócrito apresentam a grande novidade o “átomo” visível só ao intelecto. As coisas sensíveis nascem, morrem e sofrem mutação, apenas em virtude da agregação ou desagregação dos átomos. Assim o ser não nasce não morre e nem entra em devir, adere a realidade do sensível “átomos”. Os átomos, o vazio e o movimento, são a explicação de tudo.
Diógenes e Arquelau voltam ao monismo, faz uma ligação entre as teses de Anaxímenes e Anaxágoras, e afirma que o princípio de tudo é o ar-inteligência.
Contudo ficam alguns questionamentos: o que justifica os quatro elementos ser a origem de tudo? Será que realmente tudo está em tudo? O amor e o ódio são divinos? Qual a origem destas origens apresentadas? A teoria do átomo é perfeita ou tem suas falhas? O que não podemos negar é que o átomo é uma realidade.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 6ª ed. Curitiba; Positivo 2004.
GOBRY, Ivam. Vocabulário Grego de Filosofia. Tradução Ivone C. Benedetti, São Paulo, WMF Martins Fontes, 2007.
JOLIVET, Regis. Vocabulário de Filosofia, tradução de Gerardo Dantas Barretto, Rio de Janeiro, Agir 1975.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.
REALLE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia, 10. ed. São Paulo: Paulus, 1991. v. 1.
REALLE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Filosofia Pagã Antiga. São Paulo: Paulus, 2003.
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ESPIRITISMO E CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO


No presente trabalho temos a abordagem de duas grandes religiões: O cristianismo uma religião profética e o espiritismo sendo uma religião espírita. Tem como objetivo descrever a crença, valores, doutrina de cada religião citada, e confrontar suas idéias apontando as principais semelhanças e diferenças entre ambas.
A religião faz parte da vida do ser humano, devido sua necessidade do transcendente. O cristianismo surgiu com a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Os cristãos têm como referência o grande mestre, o filho de Deus que veio ao mundo para os pobres, e para trazer a salvação. Cristo é o centro do cristianismo. Prega o amor ao próximo e a Deus como o grande mandamento.
Ao longo da história o cristianismo se divide em várias religiões devido à crença, dogmas, política e outros fatores. Prega a salvação pela fé e a misericórdia de Deus. Crer na mensagem de Jesus é condição para a salvação, pois Cristo é a ressurreição e a vida.
O espiritismo surgiu na frança, com a publicação dos livros espíritas de Alan Kardec. Baseia-se em deus Pai, na existência da alma, na reencarnação até que o espírito se purifique. Também teve suas divisões por diversos fatores.
Acreditam na comunicação entre o mundo dos mortos e dos vivos pelo médium. O Espiritismo é uma filosofia com base científica e religiosa. No campo científico apresenta provas da existência da alma, e religiosa leva as pessoas a viverem o ensino do evangelho “a caridade” e a buscar o ser superior que é Deus.
O trabalho se divide em três partes: primeiro temos a abordagem do espiritismo, em seguida do cristianismo e em terceiro um confronto entre as idéias e doutrinas que movem estas duas religiões. O cristianismo como tem vários ramos, temos uma abordagem geral e a parte doutrinal está mais ligada ao catolicismo.

ESPIRITISMO

Segundo Schlesinger e Porto (1995), o espiritismo baseia-se na crença da sobrevivência das almas e na possibilidade que através do médius, elas se estabelecem um contato com os vivos, transmitindo-lhes conhecimentos que lhes permitem melhorar moralmente. Acreditam na reencarnação até que a alma possa purificar e assim chegar à bem aventurança eterna.
Origem
Segundo Besen (2005), o espiritismo moderno iniciou em 1848 na cidade de Hydesvile, Estado de Nova Iorque. Duas irmãs da família Fox, Katherine e Margaretha, ouviam com frequência seus dedos estalarem, e tiveram impressão este ato fosse repetido por alguém. Não havendo explicação para o fenômeno, presumiram que era um espírito querendo comunicar com elas. Essa intuição se expandiu, e outras apareceram: mesas que respondiam a toques, movimento de objetos, corpos procurando letras do alfabeto.
Já para Wilges (1994) as irmãs Fox ouviam barulhos estranhos a noite, pensando que era uma “alma penada” a mãe das meninas perguntou a idade de suas filhas e as batidas corresponderam exatamente aos anos de cada menina. Descobriram que o causador do barulho era um ex morador da casa que nela fora assassinado, assim parecia esta confirmado que os vivos podem comunicar com os mortos. Mais tarde as irmãs Fox, negam o episódio e diz que fora apenas uma invnção para ganhar dinheiro.
De acordo com Besen (2005), o espiritismo como doutrina, surgiu na França em 1857, com a publicação do livro dos espíritos, de Alan Kardec, pseudo do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Wilges (1994), diz que Kardec publicou sete obras: 1- Olivro dos espíritos (1857) 2- O que é o espiritismo (1859) 3- O livros dos médius (1861) 4- O evangelho segundo o espiritismo (1864) 5- O céu e o inferno (1865) 6- A Gênese (1868) 7- Obras póstumas.
Embora o espiritismo tenha sido organizado mais sistematicamente no século XIX, a ideia que os mortos continuam a viver, e que se possa estabelecer contato com eles é muito antiga, basta lembrar Platão em sua teoria “transmigração das almas”.
Doutrina
De acordo com Besen (2005), considerado a obra básica do espiritismo, o livro de Kardec codifica a doutrina espírita, resumindo-a em cinco pontos.
Existência de Deus – Deus como inteligência cósmica responsável pela criação e manutenção do universo.
Existência da alma ou espírito – O espírito conserva a memória mesmo após a morte e assegura a identidade de cada pessoa.
Lei da reencarnação – Pela qual todas as criaturas retornam a vida terrena, e vão sucessivamente se evoluindo intelectualmente e moralmente ao olhar os erros do passado.
Lei da pluralidade dos mundos – isto é, existe vários planos habitacionais, que oferece um âmbito universal para evolução do espírito.
Lei do carma - ou da causalidade moral, pela qual se interligam as vidas sucessivas dos espíritos.

Princípios

Deus – Inteligência suprema.
Jesus – O referencial de comportamento moral, e o espírito mais evoluído que já passou pela terra.
Livre arbítrio – Liberdade e responsabilidade do ser humano. Cada um pode fazer suas escolhas, de acordo com elas ter experiências diferentes. Cada espírito traça seu destino, e terá que arcar com a consequência de sua escolha.
Reencarnação – oportunidade de aprendizado e evolução. O espírito é imortal e retorna a terra até adquirir sabedoria necessária para se tornar um espírito puro.
Mediunidade – meio de acesso a novas verdades e de troca de experiências, é uma prática racional. Todos podem desenvolver a mediunidade, mas para isso é necessário estudo e preparo.

O espiritismo

Não tem altares, sacerdotes, cultos ou rituais, e procura não combater outras religiões. Seus preceitos morais pregam a caridade e o amor ao próximo e a Deus.
As almas foram todas criadas iguais, mas tomam caminhos diferentes por ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal. Elas devem diante das encarnações purificarem-se dos pecados para atingir a perfeição. Pelo resgate carmático a pessoa resgata os méritos e deméritos da vida anterior, e assim tem a oportunidade de melhorar sua conduta na vida atual. A purificação depende do esforço de cada um, mediante a prática da caridade.
A mediunidade é super importante no espiritismo. É uma faculdade por meio da qual o médium (pessoa dotada de elevada capacidade de percepção extra-sensorial) manifesta a vidência, clarividência, levitação, telecinesia, psicografia, emissão de ectoplasma, curas e outros. A comunicação é feita pela psicografia, o médium escreve como se o espírito escrevesse, e pela incorporação o espírito apodera do corpo do médium para falar com os vivos.
Os espíritas acreditam que estamos no mundo para evoluir, e promover a qualidade de vida no planeta, e trazer amor e sabedoria do mundo espiritual para o mundo físico.
O ser humano
Para Besen (2005), A única diferença entre os vivos e os mortos é o corpo físico. Na pessoa segundo os espíritas, há três elementos:
Corpo: semelhante ao dos animais e animados pelo mesmo espírito.
Alma: espírito encarnado no corpo. O corpo é o local que os espíritos entram para purificar.
O perispírito: é o laço que une a alma e o corpo, semi-material. A morte destrói o corpo, mas não o perispírito que acompanha a alma. O perispírito é invisível, mas pode se tornar visível quando os espíritos se comunicam.

A caridade

Kardec afirmou, “sem caridade não há salvação”, para o espírita a caridade é a norma suprema da conduta humana. A regra de ouro está em Mt 7 12, “Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles, por que esta é a lei dos profetas”. Ser caridoso significa agir em benefício do semelhante no dia a dia. Assim praticando a caridade, amor ao próximo a alma chega à perfeição.

Espiritismo no Brasil

Iniciou em salvador-BA, em 1865. A partir 1977 foram fundadas as primeiras comunidades espíritas como: Anjos de Ismael, grupo espírita caridade e outros. O Reformador, a mais antiga publicação espírita do Brasil, foi em 1883, e no ano seguinte Augusto Elias da Silva fundou a federação espírita brasileira. A livraria da Federação Foi criada em 1897. Chico Xavier é o grande nome do espiritismo brasileiro, faleceu em 30 de junho de 2002.

Divisões do espiritismo

Segundo Wilges (1994), no V congresso internacional de espiritismo (Barcelona 1934) reconheceu-se oficialmente a cisão nos meios espíritas internacionais. Os espíritas latinos aceitando a reencarnação, e os não latinos estimando que a reencarnação não está suficientemente demonstrada.
Mesmo entre os que aceita a reencarnação no Brasil há divisões, no espiritismo Kardecista há:
Tendência ortodoxa – é o espiritismo puro.
Tendência rustenista – João Batista Roustaig ensina que o corpo de Jesus era apenas aparente, não real.
Tendência ubaldista – Pietro Ubaldi (Itália 1886) é panteísta e reencarnacionista. Os próximos decênios serão caracterizados pela luta apocalíptica, que porão fim a civilização atual.
Tendência paganizante – já não querem saber de espiritismo cristão.
O espiritismo racionalista de redentor – investe contra os Kardecistas, querem um movimento racional e científico, e não religioso.
Espiritismo umbandista – Querem ser espíritas, mas muitos espiritistas Kardecistas não os contam como espíritas.

CRISTIANISMO

Origem

Segundo Besen (2005) O Cristianismo surgiu com a vida, a atuação, a morte, a ressurreição e ascensão de Jesus de Nazaré, que para os cristãos, é o messias prometido, o filho de Deus. Após mais de 2000 anos os seguidores de Jesus de Nazaré se encontra em todas as nações, com forte predomínio no ocidente, apesar de ter se originado no oriente médio.
Assim como o Islamismo e Judaísmo o cristianismo é uma religião de salvação. Para os cristãos o próprio Deus se deu a conhecer, e escolheu um povo para se revelar: os Judeus e não se limitou a isso.
Época de Jesus
De acordo Besen (2005) nos três séculos antes de cristo o povo Judeu vivia dolorosas experiências religiosas e políticas, como: imposição da cultura grega, profanação do templo, com a construção de um altar pagão sobre o altar dos holocaustos, revolta dos Macabeus. O templo foi reconsagrado em 165 a. C. alguns anos depois, os Macabeus, vitoriosos, instauraram a dinastia judaica do Asmoneus.
Em 63 a.C os romanos conquistaram Jerusalém, e se tornaram senhores da Palestina. Antípatro foi nomeado procurador da Judéia. Logo após reinou Herodes o Grande (47 a.C.) o qual para reconquistar a confiança dos Judeus reconstrói o templo de Jerusalém. Jesus nasceu no final do reinado de Herodes, quando acontece o massacre dos inocentes em Belém.
O povo judeu esperava um messias, aquele que restauraria o reino de Israel, é neste contexto que surge a pregação de João Batista. A ideia de um Deus único e justo já enfatizada no antigo Testamento, Jesus acrescenta a revelação pessoal que não teve o que os judeus esperavam: um Reino político. Mas o Messias sofredor, que deu a sua vida para a remissão dos pecadores. Os judeus esperavam do messias um libertador.

Jesus, Deus feito homem

Jesus o filho de Deus que assumiu a natureza humana, não anuncia uma nova doutrina, mas sua pessoa é novidade: é ele quem dá valor a doutrina e a moral cristã. Ser cristão é acreditar em sua pessoa. Jesus é o filho de Deus feito homem, por isso sua palavra não é a de um profeta, mas sim a verdade absoluta de Deus, nele é Deus quem fala. Em sua vida, morte e ressurreição está a salvação para toda a humanidade.
Jesus era um judeu, da tribo de Judá, sua mãe Maria, era casada com um carpinteiro chamado de José que antes de coabitarem concebeu pelo poder do Espírito Santo, segundo os Evangelhos. Sabe-se muito pouco sobre a adolescência e a juventude de Jesus. A não ser que ele seguiu a profissão do pai, e que era bom e sábio por causar um espanto aos doutores da lei quando 12 anos de idade.
Por volta de 30 anos, Jesus deixou sua família e iniciou seu trabalho de pregação, mas Ele era diferente dos outros profetas, pois falava com autoridade por revelação divina.

O amor em primeiro lugar

Jesus para facilitar o entendimento de seus ensinamentos falava em parábolas. E uma delas é a do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37); nela Jesus diz que o amor ao próximo vem em primeiro lugar, e que nenhuma desculpa é aceita.
Jesus coloca o amor ao próximo acima da lei, cura um paralítico em dia de sábado, o eu era proibido para os judeus. O objetivo de Jesus é claro, pregar o amor a Deus e ao próximo, encorajando os pobres e os mais fracos; “Não vim para os justos, mas para os pecadores” (Mc 2, 27). E Jesus disse que tinha o poder para perdoar pecados, isso causou escândalo nas autoridades judaicas.

O anúncio de Jesus: o Reino de Deus.

Jesus anunciou o reino de Deus, que é o projeto do Pai: fazer do mundo uma família de filhos e irmãos, uma humanidade liberta de toda opressão, reconciliada consigo mesma e com a natureza. Anunciou a “cidadania mundial”.
O Reino do Pai começa a realizar com Jesus, que na força do Espírito Santo é o grande anunciador. Não se limita a um tempo da história nem a um lugar geográfico. Se caracteriza pela instauração da caridade, fraternidade, bondade, misericórdia, justiça, paz e principalmente pela abundância de vida: “eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância.” (Jo 10, 10)
“O Reino na pessoa de Jesus Cristo, se faz presente na humanidade.” Não é uma ideologia, mas é a aceitação da pessoa de Jesus, e implica uma prática, atitude, uma vida. Também tem uma dimensão escatológica.
Maria ao visitar sua prima Isabel, já cantava a alegria pela esperança em seu seio. Ela assegura que chegou o grande dia, e que vai ser feita uma radical mudança na ordem das coisas. “Deus derruba os poderosos e eleva os humildes.” (Lc 1, 46-55).

Salvação e ressurreição

Segundo Besen (2005), o Cristianismo anuncia a salvação e a ressurreição. A adesão a mensagem e a pessoa de Jesus é condição para alcançar a vida plena. Jesus é o filho de Deus tem o poder sobre a vida e a morte. Paulo conclui: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus levará com Jesus aqueles que morreram com ele” (1Tes, 4, 13-14).
O cristianismo tem a convicção na ressurreição: “O mesmo espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu espírito que habita em vós” (Rm 8, 11). Jesus Cristo abre os horizontes da salvação a toda humanidade, independente de culturas e nações.
De acordo com Besen (2005), Jesus deixa claro que para entrar no reino de Deus é preciso: converter-se (mc 1, 15); nascer de novo (Jo 3, 3-8); amar a Deus e aos irmãos ( Mc 12, 28-34); reconhecer que ninguém pode marginalizar o outro ( Mt 5, 45), etc.
A vida do cristão é uma constante busca para seguir Jesus, caminho que leva ao Pai. O conhecimento de Jesus deve levar a pessoa a viver amando-se, perdoando sempre, colocando a serviço, e entregar a vida pelas causas justas até a morte.

A Trindade

O Cristianismo é monoteísta, e crê num só Deus, em três pessoas distintas: Pai, Filho, Espírito Santo. Estas três pessoas se revelaram ao longo da história. Desde os primórdios o cristianismo já batizava em nome do Deus trino: Pai, Filho e espírito santo. A trindade mostra que Deus é uma comunidade e a mais perfeita de todas.
Pai – Criador do céu e da terra, modelo de perfeição. O caminho para o Pai é Jesus.
Filho – que se fez homem e recebeu o nome de Jesus. Jesus Cristo é Deus. O envio do filho foi fruto do amor do pai.
Espírito Santo – enviado a nós pelo pai e o filho. Foi com sua vinda em pentecostes que os discípulos se encorajaram para a missão.

Mensagem Universal

Segundo Besen (2005), o Cristianismo soube se adaptar a várias culturas como: gregos e romanos, graças a sua mensagem universal. O cristianismo, sobretudo na sua hierarquia, teve suas falhas ao longo da história, como: privilegiar algum grupo, imposição pela fé, pregação do Evangelho pelo colonialismo, não respeito ao povo judeu, e presunção de dominar a ciência. Hoje há uma grande preocupação com a inculturação do Evangelho, o diálogo entre as religiões e com os ateus.

Escrituras sagradas

O cristianismo tem a Bíblia como textos inspirados por Deus. Ela esta organizada em Primeiro Testamento e Segundo Testamento. Testamento significa aliança, e Bíblia livros. Mas o conjunto de livros não é o mesmo em todas as denominações, variam de religião para religião, judeus e cristãos.
Primeiro Testamento – Narra à história do povo israelita e se divide em quatro partes: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Proféticos e Livros Sapienciais.
Segundo Testamento – Se agrupa em: Evangelhos que transmitem diretamente a palavra de Jesus e relata sua paixão morte e ressurreição; os Atos dos Apóstolos; as cartas apostólicas e o Apocalipse.
Sacramentos - Os sacramentos fundamentais são o Batismo e a Eucaristia; a igreja católica, ortodoxa e anglicana aceitam mais cinco: Crisma, Penitência, Matrimônio, Unção dos Enfermos e ordem.
Ano Cristão - Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo comum.
A Igreja - “A Igreja é o cristianismo feito vida e história”. A Igreja nasceu da vontade de Deus em pentecostes. O cristianismo atualmente é a religião com maior número de seguidores, no entanto ao longo da história se dividiu em várias religiões.

Cristianismo e sua história

O cristianismo surgiu com a comunidade dos apóstolos. Pedro foi o primeiro chefe da
Igreja. Passou por perseguições como a de Saulo, que após sua conversão fez um grande bem ao próprio.
Segundo Wilges (1994), o cristianismo se divide em muitas Igrejas: Arianos (325) – afirmam que Jesus não é Deus feito homem. Neostorianos (431) – afirmam que Jesus tem só a vontade divina. Monofistas (451) – Negam a humanidade de Jesus. Cóptas – não aceitam o concílio de Calcedônia. A primeira grande divisão da Igreja de Roma foi em 1050 com a Igreja de Constantinopla (ortodoxa), que se excomungaram mutuamente. O segundo foi com Lutero em 1517 por questões dogmáticas, o Protestantismo. E em seguida 1534 o Anglicanismo forma a Igreja Nacional Inglesa.

ESPIRITISMO X CRISTIANISMO

Principais diferenças

Segundo a classificação de Wilges o espiritismo é uma religião espiritualista e o cristianismo religião profética. O ao contrário do cristianismo, principalmente católico, o espiritismo não tem dogmas, rituais, liturgia, sacerdócio organizado, santos. Não utiliza incenso, velas e outros.
A grande diferença entre cristianismo e espiritismo está na crença da ressurreição e reencarnação. No cristianismo ressuscitaremos com cristo para a vida eterna. Já para os espíritas com a reencarnação o espírito se purifica para chegar ao máximo de perfeição.
Os espíritas não acreditam no Deus uno e trino “Pai, Filho e Espírito Santo.” Para eles este dogma foi criado na idade média. No espiritismo não se fala em anjos, mas em espíritos desencarnados que chegaram a um grau máximo de perfeição. Para os Cristãos os anjos são espíritos que jamais se encarnaram.
No espiritismo não se usa a terminologia “demônio,” mas em espíritos maus, que praticam o mau no espaço. Para os espíritas Deus criou todas as almas iguais e destinadas a evoluir rumo à perfeição. Deus criou a alma desde toda eternidade (preexistência). A doutrina cristã católica diz que Deus cria nossa alma imortal no momento da concepção (não há preexistência).
Ao contrário do cristianismo o espiritismo não acredita em milagres. Pois todos os fenômenos extraordinários são explicados pelo perispírito. Para os espíritas não existe pecado original assim fala o cristianismo católico e outros, mas existe o pecado feito pelo homem nas gerações anteriores.
No espiritismo a purificação das almas é feita aqui na terra pela reencarnação ou em outro planeta, portanto para eles o purgatório é a terra ou planeta. Após uma longa temporada de reencarnações o homem atinge o estado de puro espírito, esta situação corresponde ao que a Bíblia chama de céu.
Para os espíritas não existe o lugar de castigo por toda a eternidade “inferno”, pois isto não teria sentido e seria contra a sabedoria divina. Segundo Kardec Céu e inferno foram criados na idade média que tornaram o cristianismo obscuro para o espiritismo. Porém o cristianismo diz que o inferno é para aqueles que não aceitam a misericórdia de Deus.
No cristianismo temos a terceira revelação de Deus, para os espíritas assim como o islamismo a primeira revelação veio com Moisés, à segunda com Cristo e a terceira com o espiritismo, revelação dada pelos espíritos.
O Primeiro Testamento para os espíritas não é a palavra de Deus, como para os cristãos. Os espíritas só aceitam os dez mandamentos. No Segundo Testamento os espíritas aceitam Cristo e sua moral, mas não como Deus, e sim um espírito em grau máximo de perfeição. Para eles Cristo é um médium incomparável mandado por Deus. Veio para nos ensinar como é que podemos aperfeiçoar. Cristo não é o salvador, o ser humano salva por si próprio.

Semelhanças

Uma das principais semelhanças entre o cristianismo e o espiritismo é a prática da caridade, o amor ao próximo. “Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles, por que esta é a lei dos profetas”. (Mt 7 12).
Outros pontos em comum relevante são: a imortalidade da alma. Claro que com conceitos diferentes, mas a essência é: a alma imortal. Crença em Deus pai criador de todas as coisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo vimos duas grandes religiões: o cristianismo e o espiritismo. Como pudemos observar o cristianismo surgiu com Jesus Cristo, o filho de Deus. A mensagem principal de cristo é o amor. O amor que supera tudo: desigualdade social, leis que oprimem, antigos costumes. No reino de Deus todos somos iguais.
O cristianismo tem Cristo como o Messias, ele é o salvador. Se morremos com ele ressuscitaremos com ele. Jesus é o caminho que leva ao pai, ele é a fonte da vida. Os Cristãos são batizados desde os primórdios em nome da trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
O espiritismo baseia-se na crença da sobrevivência das almas e na possibilidade que através do médius, elas se estabelecem um contato com os vivos, transmitindo-lhes conhecimentos que lhes permitem melhorar moralmente.
A mensagem principal do espiritismo é a caridade. Acreditam na reencarnação até que a alma possa purificar e assim chegar à bem aventurança eterna. O espiritismo não tem ritos, liturgias organizadas.
Contudo ficam alguns questionamentos: nos cristãos seguimos fielmente nosso mestre Jesus Cristo? Os espíritas vivem a caridade pregada por Cristo no evangelho? O que leva uma pessoa a mudar de religião? São questionamentos que podem nos levar a assumir com mais firmeza e determinação a nossa fé.
Sou Cristão Católico, dedico a minha religião e espero que ela se torne ainda mais compreensível com as pessoas especialmente os mais pobres e continue dedicando aos serviços pastorais e sociais. Pois Cristo é amor, e se amarmos uns aos outros e a Deus, assim como Cristo ressurgiremos para a vida eterna.

REFERÊNCIAS

BESEM, José Artulino. HEERDT, Mauri Luiz. COPI, Paulo de. As grandes religiões e tendências religiosas atuais. São Paulo, Mundo e Missão, 2005.
Catecismo da Igreja Católica, Edições Loyola, São Paulo, 1999.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 6ª ed. Curitiba; Positivo 2004.
SCHLESINGER, Hugo, PORTO Humberto. Dicionário enciclopédico das religiões. Vol. I Petrópolis, Vozes, 1995.
WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: as religiões no mundo. 6ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994.