0

RELAÇÕES DO NEOPLATONISMO COM O FILME AVATAR

O filme Avatar é uma ficção científica que podemos fazer um bom paralelo com o pensamento filosófico do neoplatonismo. Os Na’vi, habitantes de Pandora, vivem em plena harmonia com a natureza, veneram a deusa Eywa[1]. E são considerados pelos humanos como povos nativos.
No Neoplatonismo, o Uno é o princípio primeiro absoluto produtor de si mesmo. Do Uno deriva o Nous (espírito) e a alma. Tudo esta ligado ao Uno e a ele retornará. Podemos ligar o Uno com a Eywa, onde todas as almas um dia retornarão. É o início e a unidade das almas.
 O espírito podemos fazer uma analogia com a árvore sagrada no filme. Uma árvore que reflete imensa luz. É interessante que a árvore sagrada está intimamente ligada a Eywa, assim como no neoplatonismo o espírito está ligado ao Uno. Nesta árvore encontra-se espíritos muito puros e a inteligência que é distribuída pela floresta por milhões de conexões.
Para acessar estas inteligências os Na’vi usam a conexão (própria de sua raça) e sente as informações no interior. “Tudo é uma rede de energia que flui, e que um dia tem que ser devolvida”. Este princípio de interiorização, ativo no neoplatonismo, é mostrado de forma bem clara quando Jake vai escolher seu Ikran[2], Neytiri (Filha do rei do Clã Omoticaya e da Rainha Espiritual) responsável por ensinar os costumes do povo Na’vi a Jake, diz a ele que a escolha era recíproca, e para saber qual o animal certo era necessário sentir interiormente.
A dualidade corpo e alma também é representada quando Jake mata um animal na caça e diz: “Que seu espírito se junte a Eywa, seu corpo fica aqui para se tornar parte do povo.” É o momento em que ele demonstra seu respeito para com a natureza, dá ao animal uma morte limpa.
 O nome Avatar vem dos corpos Na’vi-Humanos, híbridos – DNA humano mais o DNA dos Na’vi, que os cientistas criaram para a comunicação com os nativos de Pandora. Para transferir a consciência do humano para o Avatar é usada uma máquina que compartilha o material genético do humano com Avatar. É mentalmente ligado e pode se conectar através de conexões neurais que permitem o controle do corpo do Avatar.
Mas a consciência de Jake só passa de vez para o corpo do Avatar quando os Na’vi fazem um ritual e pede a Eywa, que mude a alma de Jake de corpo. A transferência é feita pelos espíritos puros da árvore sagrada. Podemos supor que antes as conexões eram apenas neurais a alma e espírito de Jake estavam no corpo humano, ao passo que após o ritual a alma e espírito se encontram no Avatar. Portanto assim como no neoplatonismo quem da vida ao corpo é o espírito e a alma.
A crença na vida após a morte é mostrada nas arvore das vozes, onde os Na’vi ouvem as vozes dos antepassados. Também quando a Dra. Grace não resiste aos ferimentos, durante o ritual na tentativa dos Na’vi de salva-la ela escolhe ficar com Eywa e diz que ela era real.
A alma deve de buscar o Uno, não os valores materiais. Temos no filme um exemplo claro do que acontece dos dois lados. Os Na’vi viviam em harmonia, bastavam-se eles mesmos ligados a Eywa. E esta era a riqueza deste povo. Por outro lado na pessoa do Coronel Miles, podemos compreender a pessoa que coloca o material acima de tudo. Ele queria o dinheiro, explorar o unobtainium rico em energia. Com isso causa sofrimento aos humanos e aos nativos. A alma buscando o Uno é feliz, quando busca o material e nada mais, entra no sofrimento.
Contudo podemos observar que o pensamento sempre se fundamenta em algo anterior. Um filme atual, com ficção e tecnologias do futuro que mostra o pensamento de um período histórico de aproximadamente 205-529 d.C.


[1]Deusa  responsavel pelo equilíbrio da vida
[2] Animal adaptado para o vôo em pandora. Eles representam um rito de passagem na vida dos aspirantes a guerreiro Na’vi que devem escolher um animal para domá-lo e montá-lo.