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GREGÓRIO DE NISSA, SÃO

Introdução
O presente trabalho faz uma breve abordagem do grande Capadócio Gregório de Nissa. Apresenta sua biografia, seus principais pensamentos, e influencias que seus pensamentos teveram na filosofia e em nossos dias. Como metodologia foi utilizada pesquisa bibliográfica, eletrônica, leitura, análise, e interpretação do texto pelo método analítico dedutivo.

Biografia.

Segundo Mora (2001) Gregório de Nissa foi Teólogo e filósofo cristão nascido em Cesaréia, da Capadócia, na Anatólia, Ásia Menor em 335, hoje Kayseri, Turquia, irmão de Basílio de Nissa, destaque na consagração do pensamento cristão e um dos personagens mais significativos da idade de ouro da Patrícia e um dos precursores do trabalho de Santo Agostinho.
Segundo Boehner e Gilson (1970) Gregório de Nissa foi aluno de São Basílio, Estudou em Cesaréia, Alexandria e Atenas e começou a vida como professor de retórica até que se voltou para os estudos religiosos e para a devoção cristã (360). Foi consagrado bispo de Nissa, pequena localidade da Capadócia (371) por seu irmão Basílio, bispo metropolitano de Cesaréia. Faleceu no ano 394 e é festejado na Igreja Católica Romana em 9 de março.
Para Boehner e Gilson (1970) Gregório de Nissa avantajava-se dos outros Capadócios, Basílio Magno e Gregório de Nizianzo não só pela força especulativa, mas também pela extemção e profundeza do saber.

Pensamento

Segundo Reale e Antiseri (1990), Gregório de Nissa é autor de várias obras, mas a de maior destaque é O grande discurso catequético, de cunho teológico. Entre os diversos temas tratados nas obras de Gregório de Nissa, vamos destacar três particularmente de ordem filosófica e moral.
a) Corpo e alma
Segundo Boehner e Gilson (1970) Gregório de Nissa faz a distinção da realidade em mundo sensível e mundo espiritual. O mundo sensível é perceptível pelos sentidos o espiritual é intangível. O homem constitui o elo entre os dois domínios. O homem assegura a grande unidade cósmica.
Mas ao contrário de Platão e sua dualidade, Para Gregório de Nissa a alma não se separa do corpo, a união é eterna. A morte nada mais é do que o retorno do homem ao estado invisível. Segundo Reale e Antiseri (1990), para Gregório a alma e o corpo são criados simultaneamente a alma sobrevive e a ressurreição constitui a união.
b) O homem não é um simples microcosmos, é muito mais.
Segundo Reale e Antiseri (1990), Ao contrário dos filósofos gregos, Gregório de Nissa diz que o homem não é um simples microcosmos (mistura dos quatro elementos), pois assim sua natureza seria a mesma da mosca, do rato e demais animais. Mas a grandeza do Homem está em ser a imagem e semelhança do criador de nossa natureza. “O homem possui todos os bens possuídos pelo próprio Deus, pois o que é criado segundo a imagem é em tudo semelhante ao teu protótico. (BOEHNER e GILSON, 1970, p. 101).
A diferença entre Deus e o homem está justamente no Nous. Aquele que é incriado e o que foi criado. Deus possui todos os bens da natureza incriada, ao passo que o homem possui todos os bens da natureza criada. A nossa natureza limitada reflete as propriedades inefáveis da divindade.
c) Versão cristã da elevação a Deus neoplatônica.
Segundo Reale e Antiseri (1990), para Gregório a divindade é pureza, libertação em relação as paixões e remoção de todo o mal. Se o pensamento do homem estiver livre das paixões, do mal imune de toda impureza, este homem é bem-aventurado, pois Deus está presente nele. “A medida pela qual podeis conhecer a Deus está em vós mesmos” (NISSA, apud REALE E ATISERI, 1990, p. 420).
Principais influencias
Segundo Mora (2001), Gregório de Nissa exerceu influencias na teologia e na filosofia especialmente em seus escritos sobre o homem e seu lugar no cosmo, sua alma e sua imortalidade.
De acordo com Boehner e Gilson (1970) Gregório de Nissa Participou do Concílio de Constantinopla (381), onde com seus textos anti-heréticos formulou a doutrina da Santíssima Trindade, utilizando argumentos inspirados na teoria das idéias de Platão. Doutrinas presentes até em nossos dias, claro que com novas concepções.
Com a doutrina da eterna ligação entre alma e corpo, Gregório de Nissa influenciou a ressurreição do corpo “carne” que é professada pela fé católica no creio.
Considerações finais
Assim podemos perceber a importância do pensamento de Gregório de Nissa e como seu pensamento ainda continua vivo em nosso meio. Hoje ainda cremos na ótica do mundo religioso que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Muitas religiões como a católica usam de sua tese para justificar a ressurreição da carne. E para finalizar ainda temos os olhos buscando “as coisas do auto” e acreditamos em um mundo transcendente.
Contudo ficam alguns questionamentos: Será que alma permanece ligada ao corpo para sempre? Se permanecer, quando o corpo se decompõe a alma continua ali espalhada? Será que podemos nos livrar de toda paixão e buscar somente a divindade? O homem tem vivido em condições de ser chamado de filho de Deus?

Referências

BOEHNER, Philotheus e GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã – desde as origens até Nicolau de Cusa. 2ª ed. Trad. Raimundo Vier, Petrópoles, Vozes 1970.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 10. ed. São Paulo: Paulus, 1991. v. 1.