30/04/2010

CRÍTICAS ARISTOTÉLICAS À METAFÍSICA PLATÔNICA


Sem dúvidas Aristóteles foi o maior discípulo de Platão. Mas sua relação com o mestre não foi só de concórdia. Por diversas razões, ele não julgou aceitável o mundo das ideias ou segunda navegação de Platão. Isto porque em sua opinião, Platão não explicou “o ser das coisas,” “o vir-a-ser das coisas,” nem sua relação com as ideias, nem como o homem pode conhecê-la.
Não explicou o ser das coisas porque na teoria platônica, as ideias constituem o ser e a substância de cada coisa. Assim Aristóteles questiona: “como é possível que as ideias, sendo as substâncias de cada coisa, existam fora dela”? Para Aristóteles a ideia das coisas, tem que estar nela mesma, e não fora, pois se as ideias estivessem separadas, transcendentes não poderiam ser causa da existência e cognoscibilidade das coisas.
Para resolver esta problemática, Aristóteles introduz as formas ao mundo sensível. Apresenta a doutrina dos sinolos de matéria e forma como a nova alternativa para a proposta platônica. Porém Aristóteles não nega o supra-sensível como muitos afirmam, mas contesta o que Platão pensava que fosse. Para Aristóteles o mundo supra-sensível não é um mundo de inteligíveis, mas de inteligências tendo como ápice a suprema das inteligências. As ideias ou formas fazem parte do inteligível do sensível.
Em segundo lugar, a doutrina das ideias não explica o vir-a-ser das coisas. Pois se o mundo das ideias é em si mesmo, imóvel e perfeito, de que deriva o movimento e o devir, que são típicos do mundo sensível? Assim Platão não explica a relação das ideias com as coisas, a não ser com palavras metafóricas como participação e imitação.
Em fim para Aristóteles as ideias são réplicas inúteis. Pois ao colocar as ideias como causas, na verdade duplicou-se o número das coisas a explicar. E esta duplicação trouxe várias complicações, podendo levar a um regresso ao infinito. Suponhamos por exemplo que uma coisa é a essência animal e outra coisa o animal. Ou seja a essência é diferente da coisa. Seria necessário admitir outras substâncias, outras naturezas, outras ideias anteriores. Como se a equinidade é a essência do cavalo, qual é a essência da equinidade?
Pelos aspectos exposto, pudemos perceber que a relação entre Aristóteles e Platão não foi de contradição, mas de superação. Se tratando de metafísica, Aristóteles os deixou uma grande contribuição.
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Fontes: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia, 10 ed. São Paulo, Paulus, 1991 v. 1.
REALE, Giovanni, História da Filosofia Antiga, São Paulo. Loyola, 1994.
MONDIM, Batista, Curso de Filosofia, São Paulo, Paulinas, 1981.
JOLIVET, Regis. Vocabulário de Filosofia, tradução de Gerardo Dantas Barretto, Rio de Janeiro, Agir 1975.

1 comentários:

Unknown disse...

Me ajudou pra caramba parabéns *-*

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